terça-feira, 5 de abril de 2016

Racismo declarado e ao gosto da elite BBB da Unicamp!!!

Agora todos se chocam e se magoam por ver escrito nas paredes de sua amada "Unicambridge" o que está nos corações da maioria dos universitários desse país. Muitos ativistas brancos e empáticos se levantam para mostrar SUA revolta e SUA vontade de mudar essa situação, que fere a TODOS NÓS. Nós quem, cara pálida? 
Já cansei de falar que sua mágoa não significa nada pra nós. Sua dor não importa nem um pouquinho. Isso não é sobre você!!!!!!
Se devemos responsabilizar a Unicamp pelas manifestações de racismo? Evidente que sim! Se devemos cobrar medidas institucionais quanto a isso?? Óbvio!

E devemos e podemos fazer isso, porque NÓS conquistamos o direito de tornar crime o racismo de VOCÊS!!! A conquista é nossa, a luta e a dor também!!!
Diante disso, não podemos deixar de dizer que, se esse tipo de coisa acontece é, em grande parte, responsabilidade do Movimento Estudantil omisso da Unicamp, aliás omisso, misógino e racista! O que tem sido feito para que o debate racial seja pautado de forma qualificada na Unicamp?? Qual a preocupação dos CAs e do DCE em integrar as lutas do MN, INTEGRAR, CONTRIBUIR se articulando aos trabalhadores e organizações locais que querem ocupar o espaço acadêmico com as bandeiras históricas do MN? Qual o interesse de vcs em ouvir, de fato, xs negrxs da Unicamp e região? O que estão fazendo para dar continuidade aos avanços conquistados pela Frente Pró Cotas e pelo NCN???
Venho fazendo essas perguntas desde que eu conheci o debate racial e comecei a ajudar a promovê-lo nessa universidade, mas até hoje, não obtive respostas concretas. Na verdade, mais questões surgem diariamente, por exemplo: qual foi a atitude dos estudantes engajados e progressistas da Unicamp diante da afronta que é a Comvest, além de ignorar as reivindicações por Cotas Raciais em seu vestibular excludente e sujo, ainda ao incluir em sua lista de leitura obrigatória, tão racista e excludente quanto toda a universidade, como literatura africana um livro do autor moçambicano, Mia Couto, coincidentemente loiro e de olhos azuis, mesmo após anos de luta por abertura de espaço para escritorxs negrxs? Onde estava a indignação de vocês quando a mesma Comvest cometeu a afronta máxima às reivindicações do MN, ao incluir também um texto de Monteiro Lobato, aquele mesmo que se declarava, publicamente, eugenista e colocou sua literatura a serviço de um projeto de segregação racial??? E como se não bastasse, o texto em questão (o conto "Negrinha"), ainda vende uma suposta preocupação, por parte do autor, com os negros no pós-abolição.
Provavelmente a maioria de vocês sequer entendem a gravidade desse tipo de atitude para nosso movimento, e não entendem porque não se importam, porque querem ser vanguarda e liderança de todas as causas, achando que suas leituras generalizantes bastam, contemplam e completam toda e qualquer organização e reivindicação. Eu saí da Unicamp há quase dois anos e ainda tem mais estudantes negrxs me procurando para pensar seus processos de construção identitária do que aos grupos que se arrastam por aí numa lutinha constante de egos e possibilidades de cooptação político-partidária. 
Responsabilizar a universidade, sempre!!! Mas sem uma reflexão sobre nossa participação ou ausência dela no debate, nada vai acontecer!!! 

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