quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Aquarela...
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Não vou falar baixo!!!
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Tédio...
domingo, 2 de outubro de 2011
A beleza de se saber mulher
Hoje me sei mulher,
E motiva
E machuca
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Mais uma sobre as cotas...
O documentário da BBC sobre racismo aponta de maneira irrefutável o caráter do racismo brasileiro "vivemos um apartheid sem as leis do apartheid", sim é isso que se passa aqui. Porque no Brasil ainda se precisa de cotas? Por que aqui ainda insistimos em explicar a maioria negra em presídios, favelas, subempregos, submoradias, com as produções culturais menos valorizadas, com os piores atendimentos públicos, com uma participação mínima em Universidades públicas ou em cargos de maior relevência econômica na sociedade... simplesmente com o argumento, absolutamente racista, de eles são porque são ou que quem quer consegue, então 3 ou 4 nomes de negros de sucesso (se é que é possível fazer isso sem pensar pelo menos 5 minutos) e dissemos que isso é igualdade de oportunidade, promovida por nosso histórico de igualdade racial.
E enquanto isso o Brasil continuará sendo o país do futebol...
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Capão Pecado... A marcha fúnebre prossegue mesmo!!!
quarta-feira, 18 de maio de 2011
A patrulha da língua vem aí!!!!
Mais uma investida da classe média preconceituosa, burra e mal informada tentando prestar outro desserviço à sociedade oferecendo leituras desencontradas e manipuladas de fatos pensados e discutidos por pessoas preparadas. Estamos diante de uma situação extrema, quase estado de calamidade pública, pois, aparentemente estão atentando contra a nossa pura e imaculada, inculta e bela língua portuguesa. O pânico generalizado se instaurou com a publicação do livro “Por uma vida melhor” de Heloísa Ramos, patrocinado pelo MEC e que, segundo “especialistas” ensina um português errado aos alunos. Aparentemente a histeria se baseia apenas na afirmação da autora de que não é errado deixar de marcar o plural em todos os termos da oração, por exemplo, os “bons drink” de Luisa Marilac hahaha. Mas afinal é errado ou não? ? Uma observação casual de uma conversação informal pode responder à questão.
Não marcar o plural em todos os termos da oração, como o faz Luisa, não é simplesmente uma variedade do português FALADO, é antes uma CARACTERÍSTICA da língua portuguesa falada no Brasil. Não acredita?? Faça o teste, tente falar naturalmente, "os livros emprestados", talvez no Rio de Janeiro essa característica seja mantida, um pouco mais, devido à ênfase típica do sotaque carioca na fricativa /s/, porém em quase nenhuma variedade do português essa marcação é feita. Além disso, se os histéricos defensores da norma seja lá o que for tivessem respirado fundo, mantido o Olavo Bilac debaixo do braço e lido o livro até o final, perceberiam que ele não se furta a ensinar a norma culta. Aliás, aqui o debate vai além, ou seja, discute também outras variedades da língua, o que é mais que frutífero para o enriquecer ainda mais a história de nossa língua portuguesa “tupinambrasileirada”, na medida em que é sua riqueza e diversidade que nos permite oferecer igual riqueza e diversidade artística e cultural relacionada à língua escrita, por exemplo, as letras de rap, os grafites, os cordéis, os desafios de rimadores no nordeste, o samba... poderia citar inúmeros exemplos aqui, mas sei que bons puristas não levam em consideração produções "menores" como as que eu citei, algo quase primitivo feito para olhar e se por acaso passar pela cabeça doente do MEC incluir esse tipo de bobagem ignorante no material didático deve ser apenas para termos certeza do que NÃO fazer no que se refere à arte e literatura, certo? ? ?
Pois bem, então falemos de outros momentos, de outros desvios, de outros “crimes linguísticos” que todo purista conservador adooooooooora: João Guimarães Rosa, todos os poetas do modernismo, Patativa do Assaré, Adoniran Barbosa, enfim, também poderia passar um bom tempo aqui listando outros criminosos, que atentaram contra a última flor do Lácio, pobrezinha... Esses artistas hoje venerados pela crítica que por vezes os criticou com os mesmos argumentos que hoje apresentam contra a utilização do material lançado em salas de EJA. Uma iniciativa corajosa e inovadora de luta contra uma forma de preconceito das mais perniciosas, duras e burras, pois se essa “patrulha da língua” tivesse sucesso, hoje não poderíamos contar com esse legado de conhecimento e beleza construído a partir da liberdade que a língua tem e sempre terá, a despeito dos hipócritas de plantão que, certamente, se esbaldam de tanto comer ss por aí...
Lembro-me sempre da proposta de um professor para um novo programa de televisão, um reality show que juntasse toda essa galera da “patrulha da língua” para vermos por quanto eles sustentariam sua língua matemática, lógica, estanque e imutável... Não meus queridos, ensinar língua não é como ensinar tabuada, o português é nossa língua materna, é como dizemos “Te amo”; diga “Amo-te” à pessoa amada e veja a reação, veja se alcança o mesmo efeito de sentido. Grite “Somos nós!!!” para uma câmera de televisão após fazer um gol e veja se é possível se fazer entender... Acho que não, pois dita dessa forma essa é uma expressão errada, pois carece de um predicativo do sujeito, não há possibilidade de sentido aí, porém um bom “É nóis!!!!!” após um belo gol é uma expressão carregada de sentido, completa em si. Porém as comunidades discursivas que a utiliza não está preocupada com essas classificações, estão, como todos nós também deveríamos estar, voltadas para a produção de sentidos, para a comunicação e, claro, a arte.
Perceberam que acabei de dar uma aula de gramática usando o “crime” a que vocês se referiram, apontando possibilidades para as duas construções – “somos nós” e “é nóis”, mostrando seus lugares e usos ao invés de simplesmente taxar o que é o certo ou o errado? Contextualizando!!! Ensinar uma língua materna passa por mostrar suas possibilidades, sua flexibilidade e criar meios para que os jovens possam transitar por esses caminhos com propriedade e independência.
Só para terminar, um discursinho de autoridade
Aula de português
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
(Carlos Drummond Andrade)
A brincadeira continua... mas agora a coisa tá preta!!!
Aposto que a negrada toda ficou muito feliz ao descobrir que teríamos, finalmente, um casal negro, bem sucedido, da alta sociedade e juntos!!! No horário nobre da toda poderosa Rede Globo de televisão!!! Bem, eu fiquei feliz demais, pensei: agora a coisa vai, agora sim os negros desse país vão perceber que não PRECISAM de relações interraciais para serem felizes, vão valorizar a beleza negra, o amor negro, a família negra!! Sem as caricatices que já aconteceram antes, em tentativas mais que frustradas de inserir o negro nesse tipo de produção cultural, como nos mostra o documentário A negação do Brasil.
Enfim, acreditei que dessa vez seria diferente. Doce ilusão!! Nada mudou!! Ou melhor, mudou sim e pra pior. A terrível política de branqueamento que nos cega desde a abolição, mas que ainda não conseguiu atingir a meta idealizada pelos eugenistas de plantão, hoje ganha um aliado de peso: a toda poderosa Rede Globo de televisão!!! A importância da mídia na sociedade contemporânea desperta a curiosidade de muita gente, mas a maioria não percebe o perigo do tipo de “condicionamento” ideológico que produções como as novelas proporcionam. Entendo a luta de atores e atrizes negr@s para tomar esse espaço, porém agora que estamos lá devemos nos perguntar a que viemos, qual o nosso papel e nossa contribuição para as lutas históricas de nossos irmãos e irmãs.
A atual novela da nove é o foco dessa discussão, para quem não sabe o nome da novela é Insensato Coração, imagino que muitos não saibam, afinal não vale a pena perder tempo com “esse tipo de coisa”. Quero apenas lembrar que é “esse tipo de coisa” que nosso povo assiste e por vezes é somente daí que tiram opiniões e informações sobre as polêmicas atuais, como homossexualidade, drogas, gravidez na adolescência e muitas outras, inclusive questão racial que é o tema que tem me incomodado no momento. Em Insensato Coração Camila Pitanga é Carol uma empresária de classe média alta apaixonada por André (Lázaro Ramos) do mesmo nível social que ela, talvez mais rico e ambos negros. Mas ele é um garotão, que vive em uma busca incessante por auto-afirmação através de suas conquistas; mulheres com quem ele quer apenas sexo, na grande maioria das vezes, mulheres brancas.
Não quero parecer paranóica, mas desconfio que esse tipo de homem negro alegraria muito estudiosos como Nina Rodrigues, manter a idéia de que os negros não tem possibilidade de manter uma relação “saudável” dentro da nossa sociedade é mais que conveniente para manter certos lugares sociais, ele está na classe média, mas preserva seu primitivismo selvagem ancestral. E arrematar o debate jogando a mocinha enganada e abandonada pelo canalha negro nos braços de um homem branco responsável, amável, dedicado à família, seguidor dos valores cristãos, enfim, um mocinho da Globo, traz a solução perfeita para a questão: os negros conseguem se inserir na sociedade e até na alta sociedade, porém não sozinhos, não apenas entre eles, é necessário um branco para apresentar os verdadeiros valores de uma família cristã burguesa, clarear a família né...
Eu poderia dizer que é praticamente uma releitura d’O Guarani, se o mocinho em questão não estivesse na terceira idade. Obviamente a mocinha negra não ficou com o galã branco, jovem, bonitão, fiel, de bom caráter, perfeito, maravilhoso e absolutamente fora da realidade, no caso Pedro Brandão (Eriberto Leão)... Não!!! Esse fica com a loirinha frágil e delicada Marina Drumond (Paola Oliveira), para Carol sobra o pai do mocinho, olha que beleza!!! Bonita, rica, inteligente, descolada, o retrato da mulher moderna, independente, que assumiu uma gravidez mesmo sem a participação do pai – o irresponsável amante negro – para realizar seu sonho de ser mãe. Essas são as características de Carol que vive um romance com Raul (Antônio Fagundes) um homem quase idoso, com idade para ser seu pai.
Isso porque ela percebe a impossibilidade de manter um relacionamento com André (Lázaro Ramos), a quem ela de fato ama. Sabemos que as novelas obedecem ao gosto do público e conhecendo meu povo como imagino que conheço, aposto que todos estão adorando ver a mocinha encontrar o verdadeiro amor nos braços de um homem de verdade, então o que vai acontecer com esse amor por André??!! Elementar... o que negros sentem, o que sempre sentiram não é nem nunca foi amor, esse é um sentimento humano demais, branco demais para eles que tem é instinto, mais adequado à sua espécie, tesão, impulso sexual, apenas. Sem tentar ser futurista, mais como uma novelista de plantão, vou tentar imaginar os rumos dessa história... a não ser que haja uma reação forte por parte do movimento negro, logo veremos Carol se abrindo a sua amiguinha branca Marina sobre como foi boba em pensar que aquela paixãozinha vazia que sentia por André poderia ser algo mais. Agora que ela tinha um homem de verdade tudo ficou muito CLARO.
Mas não acaba por aí... Enquanto a mocinha jovem se delicia com o idoso (ou o contrário...); o mocinho de 30 e poucos se envolve com a adolescente rebeldezinha, sim... um romance se anuncia na vida de André, uma garotinha de uns 19 anos talvez está balançando o coração do rapaz, podemos chamá-lo assim por se tratar de um homem negro, eles jamais crescem, não pela sua idade... mas convenhamos, o que é essa onda das novelas?? Não existe mais vida sexual ou amorosa para as mulheres com 40 anos ou mais. A moda agora é que os homens maduros precisam de mulheres mais novas, ou melhor, as mulheres mais jovens precisam de um homem que as protejam. O mais engraçado é o horror da sociedade diante da pedofilia, mas será mesmo que ainda ficam horrorizados ou é melhor aceitar que as meninas andam muito saidinhas hoje em dia e homem... você sabe como são os homens...
Como era mesmo a regra do islã para o homem escolher a sua esposa?? A metade da sua idade menos sete anos, é isso?? Ainda bem que somos um país avançado onde as mulheres são respeitadas e tratadas como iguais... Não posso deixar de lembrar das palavras de Tom Zé nessas horas...
Em muitos países do mundo a garota
Também não tem o direito de ser.
Alguns até costumam fazer
Aquela cruel clitorectomia.
Mas no Brasil ocidental civilizado
Não extraímos uma unha sequer,
Mas na psique da mulher...
Destruímos a mulher.
(Proposta de amor)