terça-feira, 1 de maio de 2012

Enegrecendo as ideias de Mírian Macedo



Ia postar um comentário no blog da jornalista Mírian Macedo em um texto no qual ela tenta explicar seu post anterior, em que faz um comentário irresponsável, infeliz, racista e mal fundamentado. O post pode ser visto na imagem ao lado porque, obviamente, ela deletou isso, numa demonstração mais que evidente de que nossas classes média e alta estão se surpreendendo cada vez mais com a atitude dos oprimidos que não aceitam mais o açoite e tornaram realidade o pior pesadelo dos senhores, seu temor de acordar com seu escravo armado diante de sua cama. Sim estamos armados agora, não mais com foices e facões, mas com consciência e conhecimento. Tenham medo!

Confesso que não tive estômago para ler o seu texto até o final, mas acho que até onde li deu pra localizar sua confusão. Para começar a senhora desconhece o conceito de racismo. Pouco importa aos negros se a senhora faz ou não distinção entre cores, a senhora não é ninguém e não vai mudar a realidade de tantos povos dizer que os negros são bonitinhos e legais. O racismo é algo estrutural justamente porque foi criado e imposto institucional e historicamente. Ele está nas entrelinhas de nossas relações sociais e na forma como entendemos e esperamos que a sociedade se organize, nesse sentido seu comentário foi sim extremamente racista e sua "retratação" foi ainda pior e completamente vazia, com argumentos fracos que demonstram uma total desinformação de sua parte, tanto sobre o debate de cotas quanto sobre o cenário atual dos cotistas e seu desempenho acadêmico.

Sinto informar, mas já existem profissionais formados que utilizaram a política de cotas para contribuir para seu ingresso na universidade. Digo e destaco contribuir porque o aluno cotista também tem que prestar vestibular, ele também passa pelos mesmos processos seletivos que os alunos branc... ou melhor, os alunos com "mérito".

Quanto ao desempenho desses alunos essa foi, desde sempre, uma preocupação por isso mesmo o desenvolvimento desses alunos sempre foi acompanhado e, para a surpresa de todos que ainda acreditam que apenas com escolas particulares e muito dinheiro é possível ser inteligente, constatou-se que esses alunos tinham notas tão altas quanto ou maiores que as dos alunos do "mérito".

Quanto ao argumento do "coitadismo" (neologismo infeliz, diga-se de passagem) e sua tentativa de colocar a escravidão na conta dos próprios africanos (posso aconselhar leituras para enegrecer isso) apenas tenho a dizer que nós fomos vítimas sim de um processo de espoliação e tentativa evidente de aniquilação de nossa raça, culturas e saberes, agora estamos exigindo o que nos foi tirado, não estamos pedindo, tampouco queremos que a senhora ou outros dos seus nos olhe com piedade.

Na verdade agora aqueles que ainda acreditam que o fato de 56% da população brasileira ser negra e apenas 2% desses negros estarem na universidade é porque os brancos que lá estão e dominam esse espaço tiveram mais competência ou mereceram mais - sabe Deus porque - essas pessoas devem temer por sua tão querida ordem social cruel, desumana e racista  porque as coisas vão mudar drasticamente por aqui e quando grande parte dessa população estiver formada e consciente de seus direitos, será difícil escolher a cor do profissional que vai te atender. Sugiro um outro país,  não mais o país com mais negros fora da África como é o caso do Brasil.

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